O Del Rey foi um sedã de luxo da Ford lançado
no início dos anos 80 e descontinuado dez anos depois, tendo sido substituido
pelo Versailles. É um sedã
médio, três volumes bem definidos, opção de duas ou quatro portas e motores
robustos, sendo considerado até hoje um dos melhores carros já produzidos pela Ford.
O modelo era derivado do Corcel e na sua linha havia ainda a Belina e a picape Pampa, este último produzido até 1997. De 1981 até 1984 foi disponibilizado nas versões Del Rey
"Prata" e "Ouro", de duas e quatro portas,
disponível também na versão station wagon. A partir de 1985
houve uma remodelagem estética e evolução mecânica, com o propulsor passando a
ser denominado CHT. As versões passaram a ser denominadas como L, GL,
GLX e Ghia (sendo a L e a Ghia com opção de duas ou
quatro portas), e L, GLX e Ghia para a Belina (esta denominada Del Rey Scala). A partir de 1989
(já modelo 1990), com a criação da Autolatina, o propulsor CHT 1.6 foi substituido por um AP 1.8
da Volkswagen acompanhado da caixa de câmbio com cinco marchas e
reforço na suspensão, o que não favoreceu seu desempenho.
A
Ford
tinha um grande problema a enfrentar no final dos anos 70. Com a nova década, a Ford começou a remodelar seus carros com
projetos modernos vindos da América do Norte para não perder as vendas para os
modelos mais modernos. Como o mercado estava em crise, não se podia investir
bem em um novo modelo, opção tomada na década de 70 quando trouxeram o Ford Maverick do mercado americano, opção revelada errada mais
tarde, pois o projeto inicial era trazer o Ford Taunus. A solução foi apelar para a criação de um novo
modelo, porém com uma plataforma existente no mercado nacional. As opções eram
a criação de um carro com base no Maverick quatro portas, aumentando seu espaço
traseiro que era o maior problema do modelo, ou criar um produto com base na
plataforma do Corcel II, lançado dois anos antes.
Em
uma clínica, foram expostos dois modelos para testar a opinião dos
consumidores, e o escolhido foi o que se assemelhava ao projeto final do Ford
Del Rey. Um sedã médio, com três
volumes bem definidos, opção de duas ou quatro portas e motor econômico, sendo a alternativa para evitar maiores custos. O
modelo foi baseado nos modelos Ford Granada MKII, modelo grande da Ford inglesa fabricado na
mesma época e no Ford Taunus, também da Ford européia, mas da Alemanha. Eram muito semelhantes tanto frente quanto traseira,
assim como a lateral, apesar do modelo brasileiro ser menor.
O Ford Del Rey debutou em meados do ano de 1981
e podia ser encontrado nas versões Ouro e básica (chamada popularmente de
"Prata"). Era um carro de acabamento refinado, e que lembrava seu
irmão mais velho o Ford Corcel em construção, mas ao mesmo tempo remetia ao bom
e velho Galaxie/Landau. A versão mais completa
vinha de série com itens que não eram comuns mesmo nos carros da sua categoria,
como rodas de liga leve, vidros elétricos, travas elétricas nas portas,
retrovisores com comando interno, bancos em veludo, farois de neblina, relógio
digital localizado no espelho retrovisor central, entre outras coisas. O modelo
recebeu câmbio automático como
opcional em 1983, e em 1984 recebeu o motor CHT, uma revisão do antigo
motor 1.6 de origem Renault que equipava o Corcel GT, e que foi revisado para equipar o recém chegado Ford Escort. O motor fez muito bem ao modelo que apesar de
econômico, padecia nas acelerações e retomadas, sendo criticado pelos
proprietários, e perdendo sempre nos comparativos com os concorrentes em sua
época, sendo eles Chevrolet Opala, Volkswagen Santana e depois
de 1985, o Chevrolet Monza.
Em 1985 a Ford fez algumas mudanças no modelo, que
permaneceria praticamente intacto até o final da sua vida em meados de 1991.
O já cansado sedan ganhou nova frente, semelhante a do Ford Corcel, com “grade aerodinâmica” e um spoiler que servia
de moldura para os faróis de neblina. O modelo passou a contar com outras
denominações. Saia de linha o Prata e Ouro e entravam o GL como básico, GLX
como intermediário e o Ghia como versão top de linha. Perdeu o requinte das
rodas de liga leve, mas ganhou novos itens. O aro aumentou para 14 polegadas e
foi o primeiro carro nacional não esportivo a utilizar perfil 60. O modelo 1987
trouxe retrovisores elétricos. Com a saída de linha do Ford Corcel no ano
anterior, a Ford criou a versão L, de acabamento mais despojado, para ocupar a lacuna entre o Escort e o Del Rey. Em 1988 o modelo não teve
mudanças relevantes.
Com a fusão da Volkswagen e Ford em 1987,
foi criada a Autolatina, grande empresa que passou a
dominar o mercado e quase canibalizou a Ford do Brasil. O Del Rey foi um dos poucos modelos que lucrou
com essa fusão, pois ganhou motor AP 1.8 (o mesmo que equipava o Volkswagen
Santana), sendo que pouco mudou o desempenho. Sua velocidade máxima subiu de
146km/h para cerca de 150km/h, e sua aceleração partindo da imobilidade baixava
de 19 para cerca de 16,5 segundos, devido a nova redução do câmbio e pequeno
aumento de potência. O Del Rey recebeu algumas mudanças mecânicas, molas
recalibradas na traseira para melhorar o efeito “anti-dive” nas acelerações e
“anti-squat” nas frenagens. O retrovisor externo recebeu uma base modificada
foi a penultima mudança que o Del Rey recebeu em 1989. Sendo a última diferença
realmente notável entre os modelos com motor 1.8 e 1.6 era o consumo que havia
subido ligeiramente.
Em 1991 o Del Rey foi tirado de linha. É um modelo muito
lembrado pela modernidade que tinha em sua época, já que o seu irmão maior
(Ford Landau) não possuía muitos recursos modernos (como vidros elétricos,
travas elétricas e retrovisores elétricos). O seu substituto, o Versailles, não obteve o mesmo sucesso devido a sua falta de carisma.
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